quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Sonho

O Sonho
Acordei no meio da noite de um sonho, achei que ainda estava sonhando, dentro de outro sonho. Estranho isso, mas não queria acordar do sonho, que achei estar sonhando.
Por quê?
No sonho dentro do outro sonho, eu estava caminhando, com minhas próprias pernas, sem minha fiel companheira, minha cadeira de rodas.
Eu caminhava as margens de um rio cheio de pedras. Era engraçado! A água parecia ser bem gelada, mas eu não sentia. As pedras formavam pequenas ondas e com o leve borbulhar da água faziam uma leve manta de espuma límpida, que suavemente tocavam os cabelos de minhas pernas, mas continuava não sentindo.
Mudava os passos vagarosamente, com medo das pernas falharem. Estava sozinho. Podia ouvir claramente o barulho da água, que calmamente descia seu leito levando as folhas secas que se desprendiam das árvores com a leve brisa.
Minhas pernas estavam moles, mas ainda conseguia caminhar, parecia ser tão real, que lutava para não acordar do sonho dentro do sonho.
Infelizmente! Acordei, ao abrir meus olhos no meio da noite, veio à decepção, junto com a ilusão de que um dia isso possa a vir acontecer.
Tentei mexer os pés e nada. Fechei meus olhos e quis sentir a sensação de estar andado dento do rio, tentei buscar lá no fundo de meus pensamentos tais sensações que um dia senti, tristemente em vão.
Tentei dormir novamente, continuar o sonho de onde parei. Impossível! Mas adormeci.
Não tive tal sonho novamente, mas sim a dura realidade da vida, de acordar e ver ao lado da cama minha inseparável companheira. Provavelmente se ela pudesse me dizer algo; ela diria - sorria você esta vivo!
Ela passou a noite toda ali quietinha e não faz menção do que sonhei. Apenas ficou ali esperando o dia raiar, e eu me levantar, ou melhor, alguém me levantar, para sim ela me levar onde eu quisesse.
Depois de alguns anos, atrelado a uma cadeira de rodas, infelizmente esqueci algumas sensações boas da vida como; caminhar descalço pela grama, sentir o suor descendo pelo corpo depois de uma caminhada, dar aquela espreguiçada ao levantar, sentir a água quente ou fria que sai da torneira. Coisas simples, mas para um deficiente físico por uma paraplegia motora tais sensações ficam apenas na memória.
O engraçado é que quando era “normal” não dava o mínimo valor a essas pequenas coisas da vida e hoje fico buscando em vão.
Pelo menos nos sonhos, mesmo que seja dentro de outros, ainda sim posso sentir que um dia tive uma vida normal. Pois a vida Continua!!!

2 comentários:

sonhos*** disse...

continue.....
Pois só há realização quando se sonha!!!!!
persevere...
Acredite...

Lylian disse...

Sonhar é algo que não conseguimos realizar no momento...mas a adrenalina de um sonho é tão intensa que parece que é real...