terça-feira, 12 de maio de 2009

Causos e Acasos de um Deficiente Físico.

Causos e Acasos de um Deficiente Físico.

Estava andando rápido com meu “corcel negro”, um cavalo de pura potencia, com o quatro pneus novinhos em folha e vinha acelerando na potencia máxima, pois estava atrasado para a faculdade e minha primeira aula do dia era prova.
Estava olhando para o chão, desviando dos buracos da calçada, ou melhor, tentando andar na pouca calçada que restava, mas infelizmente isso é normal em todas as cidades que conheço.
De repente ao desviar de um desses buracos quase atropelo uma senhora de idade já avançada quem vinha em minha direção.
Nossa!!! Que susto levei, pois estava muito distraído. Mas parei a tempo de acontecer coisa pior.
E ali estava eu, bem a sua frente, ela aparentava ter uns 80 anos, não aparentava traços de ter tido uma vida sofrida, usava um batom vermelho, um chalé de rendas em seus ombros, uma sobrinha na sua mão e estava toda perfumada, mas ainda estava ali bem a minha frente.
Pedi desculpas a ela por quase tê-la atropelada.
- ela disse que não foi nada. – pedi licença a ela e assim que ia saindo, pois estava muito atrasado - ela pergunto?
- Filho que aconteceu com você?
Respirei fundo e respondi.
- Foi um acidente, um caminhão me atropelou.
Meu Deus!!! E ela fez o Sinal da Cruz em seguida. Achei engraçado. – mas você quebrou as pernas e não consegue andar mais.
E eu muito atrasado para a aula disse; que havia quebrado o pescoço em dois lugares. Porque seu eu disse que havia fraturado duas vértebras da coluna cervical, e ter tido um trauma Medular no qual havia deixa as sequelas de uma tetraplegia motora, acredito que ela não iria entender, quis apenas simplificar e apenas disse: que havia quebrado o pescoço em dois lugar.
Ela abriu um sorriso imenso e não parava de gargalhar. Achei muito estranho a sua reação. Realmente não entendia o motivo de suas gargalhadas e pergunte; qual o motivo das suas risadas minha senhora?
Ela ficou séria e me disse:
- Olha meu rapaz, eu posso ser velha, mas não sou ingênua, onde já se viu quebrar o pescoço e estar aqui vivo.
- Ai que começo a dar risadas fui eu.
E ela continuou – quando eu morava lá fazenda pra - lá de longe e “nóis quebrava os pescoços das galinhas e elas morriam de tanto se bater”, você vem me falar que você quebrou o pescoço. Ah! Rapaiz.
Puxa! Fique atônito sem saber o que dizer para ela. Tentei explicar de varia formas até usando termos mais científicos mais em vão.
Eu já te tinha esquecido até que estava atrasado. De todas as formas que tentava explicar sempre acabava ouvindo a mesma resposta dela.
- Galinha que quebra o pescoço morre viu seu mocinho. Ela olhou para mim e disse agora vou embora ta... Mas galinha que... E assim com sua sobrinha a mão, ela foi caminhando lentamente e resmungando ate sumir de minhas vista...
Eu ainda meio abobalhado com a situação inusitada, acelerei meu corcel negro a todo vapor e ainda sim consegui chegar a tempo de fazer a prova... Mas ser considera uma galinha com o pescoço quebrado foi o Maximo... (risos) Pois a vida continua...

9 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal seu Blog João!
Ja coloquei um link no da Cultura.
Acesse: htps://voceequemfazacultura.wordpres.com

Laura disse...

Passamos por cada coisa, né? Veja no meu blog, a seção "Quem é a autora", que tenho um conto que ocorria sempre comigo há uns tempos. Beijos.

Antonia YamaShita disse...

Seria cômico, se não fosse trágico.
Digo, porque é o cúmulo a ignorância das pessoas, e quando se trata dos mais velhos é pior ainda...
As crianças sempre chegam perto de nós e pergunta: porque ele está aí??
então eu tento explicar de forma simples pra que entendam.
Já os mais velhos dizem: Coitada de vc tão novinha e com um filho assim... nem quero imaginar o que passa na cabeça delas ao falar isso... e tente explicar... putz!!
Pior ainda é quando falam: leva ele lá na igreja tal que ele vai andar...
mas é como vc diz... a vida continua!
Te convido a conhecer nosso site: www.umamaeespecial.com
Abraços

Unknown disse...

Então...eu fico me perguntando, pq as pesoas escolhem sofrer quando podem escolher aprender, crescer e principalmente ser e fazer feliz.Quando algo dito trágico acontece em nossas vidas temos uma tendência até mesmo covarde de nos fragilizar, pois é mais fácil ser coitado do que erguer a cabeça e abrir a mente para as possibilidades novas que vem junto ao turbilhão, isso porque tudo tem um preço e o preço neste caso é a coragem. Mas quando conseuimos perceber que a felicidade vem de dentro para fora e que precisamos ser felizes para fazer os que nos cercam felizes tabém, ai sim as coisas acontecem... e como acontecem...
Não te conheço João, mas te reconheço...agradeço a Deus todos os dias pelas bençãos que recebo e também pelas que testemunho, e você tem feito parte dos meus agadecimentos, pq não sei explicar como você apareceu a cerca de 4 anos em meu caminho e desde então venho te seguindo,acompanhando sua evolução e fazendo de suas vitórias minhas conquistas.Tentei algum contato, não tive sucesso, mas não fiz disso uma derrota,talves seja assim, afinal nem sempre estamos próximos de nossos idolos, mas sempre sentimos a força que eles exercem sobre nossas vidas.
Beijos a ti e fique com Deus.
Tatiani.
Goiania, 12 de Maio de 2010

Jairo Alt disse...

muito humorado o texto. acho que temos que tirar proveito da melhor forma possível desses acontecimentos, e ver que há pessoas com dificuldades muito piores, dificldades como a ignorância, por exemplo, que foi mostrada no texto. podemos viver bem sem qualquer movimento do corpo, mas não conseguimos conviver sem que haja o movimento da mente e do intelecto. lembro de uma vez que estava com a minha mãe (ela é a deficiente da história) e um criancinha ao ver ela numa cadeira de rodas perguntou pra mim se ela não tinha comido feijão quando criança. eu e minha mãe rimos muito. rs

Unknown disse...

Nossa Jairo, estes fatos são bem coincidentes mesmo,mas cada um tem sua hirtória, e entre sofrer e chorar eu sempre escolhi fazer sorrir, pois o sorriso de quem amamos e o reflexo de nossa alma em gargalhadas. Eu sou a deficiente da minha história, e as crinaças sempre perguntam o que aconteceu comigo, e eu não me incomodo em contar, explicar e fazer disso um fato não trágico mas com possibilidades de ser evitado, exeto um dia em que um pirralho me perguntou com uma voz chata, em um dia chato em que eu era a mais chata das pessoas, o que tinha contecido comigo, e eu chatamente respondi:"Fique perguntando o que não é da minha conta e fui castigada"...nossa nem me reconheci neste dia, mas descobri com isso que apesar de ser deficiente, tbm sou "NORMAL", e tem dia que o sol não nasce. rsrs...beijoooooooo

Paula: pesponteando disse...

Depois volto com mais tempo para ver tudo...bjs

FER disse...

ESSA SENHORA NÃO SABE DE NADA QUASE QUEBREI O PESCOÇO TODO...MAS A VIDA CONTINUA SEMPRE..........

helcio01 disse...

Olá João. muito legal esse espaço aqui cara !!
Também sou paraplégico e sei a luta q vc enfrentou e ainda vai enfrentar nessa nossa vida de cadeirante.
Um abraço !!
CARPE DIEM !!!!!!!!!!!!!!!