segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Chuva"

“Pelas longas estradas da vida” nos deparamos sempre com o desconhecido. Quanto mais vivemos, mais obstáculos aparecem. Alguns desses parecem ser instransponíveis nos obrigando a retornar, e é ai que mora o perigo, a depressão o desânimo vem acompanhado esse inevitável retorno.

Chovia muito, já era 22h30min. O professor finaliza a aula, podia ouvir o ruído das calhas escoando a agua corrente que descia impiedosamente pelo telhado formando em alguns pontos o barulho de pequenas cachoeiras. Aos poucos a sala de aula foi se esvaziando.

E eu ali pensando como ia para casa.

Fui descendo a rampa escorregadia, pois o orvalho que entrava pela janela aberta dos corredores assim a deixava. A chuva cada minuto aumentava. Ao fundo ouvia o clique dos deligar das luzes dos corredores da faculdade, onde o zelador com a rotina de seu emprego o fazia todos os dias.

Praticamente ali sobrava eu e apenas uma meia dúzia de alunos esperando incansavelmente a chuva passar. Mas ela teimava em aumentar a cada minuto. A enxurrada já não sendo vencida pelos bueiros formava uma grande correnteza quase alcançando à calçada.

Um a um foi se esvaindo dali sobrando apenas eu.

Então resolvi encarar a chuva!

A principio foi maravilhoso, apesar da chuva intensa fazia calor, ela veio a refrescar o corpo, a alma. A agua batia no rosto escorrendo pela pele parecendo ser uma massagem natural, eu e minha fiel cadeira de rodas estávamos a “passos largo” muito mais que o habitual, os carros passava bem ao lado, levantando aquela nuvem de agua pela rua afora, não se via mais nenhuma pessoa apenas eu e meu “corcel negro”. Já estava quase no meio do caminho com toda aquela agua abençoada que vinha do céu.

Mas ai para deixar a noite mais quente, um buraco!!! Hum um buraco!!!

A agua avermelha o encobria, quase fui para o chão, por pouco, muito pouco não afoguei minhas magoas numa possa, nem tão longe da faculdade e nem tão perto de minha casa.

Mal sai da imensa poça de agua e caminhei, andei ou sei lá rodei mais alguns metros e a cadeira parou de vez acho que pelo excesso da chuva. Eu ali no meio do caminho não via ninguém passar a chuva era intensa, estava todo molhado subiu uma tristeza enorme. De uma simples chuva que refrescava, estava ali inercie diante daquela situação, não restando alternativa se não ligar para minha mãe vir ao meu encalço.

A se não fosse a tecnologia ter um celular sempre à mão, não sei o que faria, assim que tocou o telefone ela já sabia que algo havia acontecido, então pegou sua sobrinha e saiu.

A chuva era forte, eu ali estagnando, com a boca amarga sem ter o que fazer se não espera, passando um filme pela minha cabeça, com uma mistura de raiva, revolta, mas ao mesmo tempo de felicidade de poder estar vivo, sentir a chuva, ver a água correndo, com vontade de gritar para que todos me ouvissem e ao mesmo tempo ficar quieto para que ninguém me veja que não tenha pena de mim por estar ali imóvel molhado parecendo uma pessoa indefessa, pois não é assim que me sinto, pois sim é isso que me da forças para que o amanha eu esteja preparado para outras adversidade, que seja maiores ou menores, mas sim lembrar que eu estou vivo. E bem ao longe eu vejo minha mãe “por essa longa estrada da vida”.

2 comentários:

disse...

"...Quanto mais vivemos, mais obstáculos aparecem. Alguns desses parecem ser instransponíveis nos obrigando a retornar, e é ai que mora o perigo, a depressão o desânimo vem acompanhado esse inevitável retorno."

Pois é meu amigo...há se ser assim sempre. Dosando o amargo do fel e a doçura tao presentes na boca, no coração e na alma.
Amei o texto, bjs

FER disse...

VIVER É BOM DEMAIS.